quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

INFORME

CURSO SUPERA
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Helman Telles
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Dia 12, do presente mês, concluí o curso SUPERA (Sistema para Detecção do Uso Abusivo e Dependência de Substâncias Psicoativas: Encaminhamento, Intervenção Breve, Reinserção Social e Acompanhamento), promovido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), do Gabinete de Segurança Institucional, da Presidência da República, em parceira com o Departamento de Atenção Básica (DAB).
O curso é coordenado pela Unidade de Dependência de Drogas (UDED) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), na modalidade de ensino a distância e teve início em 4 de outubro de 2009 com duração de 90 dias e carga horária de 120 horas (acessar postagem feita em 19 de agosto de 2009, no “marcador” Informes, na coluna ao lado).
O treinamento teve como objetivo passar, aos alunos, conhecimentos visando permitir tanto o desenvolvimento de ações preventivas para uso de álcool, drogas e outros comportamentos de risco, quanto para a abordagem dessas questões em sua prática de trabalho na equipe.
Todo o processo de aprendizagem - que inclui um kit de material didático para uso “off line”- é interativo, incluindo acesso a internet, a participação em webconferências com profissionais especialistas da área e o acompanhamento sistemático de tutores para solução de dúvidas e avaliação do processo. Ao final do curso, os aprovados recebem certificado de curso de extensão universitária de 120 horas, emitido pela UNIFESP.
As edições anteriores já capacitaram 10 mil profissionais de saúde de todo o País. Essa edição foi direcionada à capacitação dos profissionais das equipes Saúde da Família, médicos, enfermeiros, odontólogos e técnicos de enfermagem.
É difícil ser sucinto quando se pretende avaliar um curso de tamanha envergadura; quer por sua complexidade temática; quer pelo aprofundamento como os tópicos foram abordados; quer pela didática como que foi apresentado; quer pela abrangência de seu alcance.
Sabidamente o manejo com pessoas ou pacientes, que fazem uso abusivo de drogas, nunca foi e não é uma questão simples. Os desafios impostos àqueles que pretendem, de algum modo, intervir - junto aos indivíduos que se relacionam de forma inadequada com as diversas drogas disponíveis – são muitos e, por vezes penosos; principalmente quando se trata de parentes, que na maior parte das vezes têm que se defrontar com outros dramas – como os associados à violência e/ou dissolução da harmonia familiar. Violência, aquela, presente no meio em que estão inseridos ou perpetrada pelo usuário abusivo de drogas. Além disso, é comum – além das perturbações emocionais – tais cuidadores não deterem treinamento adequado para lidar com a situação e os desafios paralelos.
Merece ser realçada a abordagem clara e a argumentação precisa que, desde o primeiro contato com o conteúdo programático, nos leva a “despir-nos” de nossas idéias pré-conceituosas. Tal atitude é imprescindível, não somente para a boa assimilação das informações teóricas como, principalmente, para a atuação prática, mormente como profissional de saúde e, mais especificamente, junto às equipes de atenção básica (ou primária) à saúde.
Como foi salientado, em mais de um módulo, é de suma importância a capacitação para a problemática em questão e atuação dos profissionais de saúde, nos diversos níveis de complexidade que buscam a promoção e/ou recuperação da saúde, com destaque para aqueles “arregimentados” na baixa complexidade que, por isso mesmo, podem atuar mais precoce e eficazmente da detecção do uso abusivo de drogas. Como foi ensinado, aqui é o melhor momento para a intervenção breve que pode ser feita multidisciplinarmente.
A conscientização para o trabalho em equipe - quer a nível local ou buscando estabelecer e manter uma rede - é deveras importante para que ocorra a nível, apenas, da iniciativa pessoal. Gestores deveriam promover maior divulgação de capacitações nesse nível e apressar-se em iniciar a montagem de redes de atendimento que, mesmo não estando prontas em algum lugar, podem contar, inicialmente, com os serviços, em diferentes níveis de complexidade, já adequados às diferentes situações clínicas encontradas no uso e dependência de drogas.
Preciosas iniciativas já foram tomadas ao nível de governo, gestores e sociedade que reduz a necessidade de disponibilizar serviços de atendimento especializado, como hospitais psiquiátricos, hospitais gerais e clínicas de internação voltadas tanto aos usuários de drogas como àqueles com necessidades genericamente denominadas de “problemas mentais”.
Mesmo para aqueles que trabalham em centros de atendimento à urgências e emergências médico-odontológicas (UPA – Unidade de Pronto Atendimento), tal capacitação não é supérflua. Inúmeras são as ocorrências (como acidentes motociclísticos e automobilísticos) a nível cirúrgico, como seqüelas do uso abusivo de drogas, mais especificamente álcool. O mesmo fator está por trás dos inúmeros atos de agressão física que vão desde socos ou pontapés até esfaqueamentos e feridas com armas de fogo, implicando em atendimentos por profissionais da área de enfermagem, medicina ou odontologia.
A redução do fluxo salivar é um dos inúmeros danos causados a nível bucal pelo álcool e outras drogas. Esse evento, unido à baixa auto-estima e condições precárias de higiene oral, levam ao conseqüente aumento da ocorrência de patologias tais como o câncer bucal, periodontoses e cáries, não raro negligenciadas e implicando em seqüelas endodônticas, o que leva a procura dos serviços de urgência odontológica.
Os eventos aqui citados, a título de exemplos, são por si só motivos mais do que suficiente para justificar tanto intervenção breve como o estímulo para que o paciente procure a ULS (Unidade Local de Saúde) e, ao nível da atenção primária, possa ter continuidade nas orientações iniciadas pelo profissional do serviço de urgência que, erroneamente, poderia não se sentir responsável por qualquer tipo de intervenção.Tal iniciativa de capacitação à distância, disponibilizou conteúdos de grande relevância e profundidade, em material de alta qualidade. Essa modalidade de ensino, além de democratizar o saber – tanto pelo número de pessoas contempladas como pelas distâncias alcançadas, pelo uso da Internet – promove e orienta o resgate da cidadania, não só de inúmeros cidadãos desinformados e necessitados de amparos e cuidados, como dos próprios profissionais de saúde que, em conjunto com colegas e diversos segmentos do meio social, podem ajudar a construir uma outra sociedade, um outro país.

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