segunda-feira, 24 de agosto de 2009

EDITORIAL

APATIA E ALIENAÇÃO
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Helman Telles

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Mais do que nunca, os acontecimentos que se impõem sobre a categoria de cirurgiões-dentistas da SMS faz urgente a necessidade de união dos diversos setores representativos da Odontologia, não só no município como no próprio Estado ou mesmo, em última instância, no país. Isso porque os efeitos do que tem sido feito a tais profissionais não ficarão circunscritos aquele meio específico, a saber: o do funcionalismo público. Não é nenhum segredo a defasagem numérica de profissionais no quadro e a necessidade de novas contratações. Ora, os profissionais que adentrarão ao serviço serão oriundos das faculdades estabelecidas neste estado ou em outros integrantes da Federação, assim sendo as entidades que chamam para si os recém formados alegando serem representativas dos interesses destes não podem ignorar que estes profissionais recém ingressos no mercado de trabalho e outros poderão necessitar de empregos junto ao serviço público municipal. Cobrar taxas e fazer discursos sedutores não vão resolver a situação destes colegas. Outros que já se encontram de algum modo estabelecidos quer no setor privado ou público devem ter em conta que seus filhos poderão seguir a mesma carreira dos pais e, no futuro, necessitar de condições dignas de trabalho não só em prefeituras, como em clínicas privadas que oferecem serviços de qualidade duvidosa e exploram um sem número de recém formados e profissionais que passam por alguma dificuldade em se firmar nesse competitivo mercado.

No último dia vinte, tivemos uma reunião na Câmara de Vereadores com diversos representantes daquela casa, para discussão de correções e melhorias no PL 1.031/09. Foi com muito pesar que pudemos constatar a ausência tanto de representantes do SOESC como do CRO, a nível oficial. Louvável a atitude da ABO que se fez representar na pessoa de sua Presidente, que inclusive desmarcou reunião anteriormente agendada. Mais lamentável ainda foi a falta, severamente sentida, daqueles, supostamente, mais interessados nos assuntos a serem discutidos. De cerca de 130 dentistas empregados na rede, estavam presentes em torno de apenas 30 (!), ou seja: nem metade do efetivo. Todos querem saborear os frutos da vitória, quando esta porventura é alcançada, mas, eticamente, têm direitos a eles somente os que ajudaram na semeadura e cultivo das condições que puderam promover benefícios à nossa categoria. Qualquer indivíduo com um mínimo de consciência moral sabe que, uma vez integrante de uma categoria, procede muito mal – para não dizer desonestamente - quando se esquiva de ajudar seus colegas a lutar por causas que são, também, de seu interesse. Como destacou o colega Adalton, “temos que comparecer para mostrar união. Vereador quer ver gente, onde ele enxerga muitos votos”.
É lastimável ter que escrever linhas como estas, em que se constata um comportamento aberrante, quando analisado à luz da lógica acadêmica porém, quando interpretado pelo viés da “razão tupiniquim”, nada mais do que conclusões óbvias são obtidas. Infelizmente, faz parte de nossa cultura o comodismo. As pessoas têm preguiça em reivindicar, em serem participativas, em serem solidárias, tanto a nível familiar como social. A imensa maioria dos habitantes da “terra brasilis” não lêem e chegam a se orgulhar disso! Exclamam de “boca cheia” que para isso não têm disposição, contudo, surpreendentemente, têm enorme ânimo para acompanharem “Big Brothers” e assemelhados, novelas triviais e joguinhos de várzea. Eu mesmo pude constatar como diversos colegas acompanham com inusitado interesse os desdobramentos daquele, primeiro citado, "programinha" da rede Globo. Como diante disso cobrar presença, participação e interesse para com questões grupais quando as pessoas não se interessam nem por si próprias? Nesse sentido, parece haver um certo tropismo pela morbidez e pela auto-imolação. E, claro, é muito mais fácil culpar aos outros do que avaliar a si próprio e assumir a devida responsabilidade sobre os efeitos deletérios da omissão pessoal. Creio que venha a calhar o texto abaixo “Sarney e Eu”, atribuído a um certo Adelécio Freitas e postado no Odontofloripa pelo colega Augusto Aita.

Não é de hoje que se reconhece a apatia e inércia da maioria dos brasileiros em relação a seus direitos, aos acontecimentos políticos, a participação social, a movimentos trabalhistas bem como a indiferença diante da corrupção, do desmando, da impunidade, e da falta de transparência das ações governamentais entre outras letargias públicas e privadas.

Os colegas parecem não se dar conta que a única maneira de sair da alienação é se instruindo – inclusive para além das fronteiras específicas da profissão – e desenvolvendo a “consciência crítica”, base da consciência trabalhista e política. Essa transformação precisa ocorrer com cada um de nós, chegar a cada ULS e alcançar cada rincão onde se encontre um de nós em serviço ativo na PMF. Estas transformações, mais do que metamorfoses de ocasião devem ocupar a função de disseminadoras da cidadania, que nenhum de nós pode prescindir sob qualquer alegação. Idem, caprichos pessoais não devem nos eximir da responsabilidade social, o que inclui atuar conjuntamente na defesa de interesses comuns.

Encerro meu comentário destacando que muitos de nós dormem ou se comportam como cegos “enquanto a banda passa”, com isso correm o risco de se transformarem em meras marionetes do sistema.

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